Nota Biográfica
Lucas Wink é doutorando em Etnomusicologia na Universidade de Aveiro, onde realiza uma investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal (FCT). É investigador do projeto “EcoMusic- Práticas Sustentáveis: um estudo sobre o pós-folclorismo em Portugal no século XXI”. Concluiu o Mestrado em Música pela Universidade de Aveiro (2017, Portugal, área de especialização Musicologia) e o Bacharelato em Música pela Faculdade Integral Cantareira (2012, Brasil, habilitação em bateria). Em 2017 frequentou o Mestrado em Ensino da Música (área de especialização bateria jazz) também na Universidade de Aveiro. Publicou e apresentou trabalhos em Espanha, Portugal, Brasil e Inglaterra. Em 2008 recebeu o prémio “Melhor Instrumentista” no Festival de Música da Universidade de Santa Cruz do Sul (Brasil). Em 2015, recebeu o “Prémio nas Nuvens” no congresso homónimo organizado pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Brasil) e pelo Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil).
Também desenvolve intensa atividade performativa como baterista. Atualmente integra a Orquestra Bamba Social e a banda do cantautor Tiago Nacarato. Tanto em Portugal como no Brasil, atuou ao lado de artistas como Rosa Passos, Marcelo D2, Miguel Araújo, Tatanka, Janeiro, Os Quatro e Meia, António Zambujo, Salvador Sobral, Joyce Cândido, Gilson Peranzzetta e Os Cariocas.
Projeto de Doutoramento
Título
“Este som que se sente cá dentro!”: conexão, subjetividade e memória social na prática dos bombos.
Orientação
Resumo
Esta é uma investigação sustentada em referencial teórico da Etnomusicologia, da Antropologia e dos Sound Studies e que toma como universo de observação, participação e análise o contexto dos bombos, uma prática social reiteradamente cultivada em diferentes localidades de Portugal. O estudo centra-se, sobretudo, em trabalho etnográfico realizado juntamente ao Grupo de Bombos Regional de São Simão Os Completos e ao Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul. Em ambas localidades, os bombos têm marcado acontecimentos e memórias há cerca de 80 anos, justificando a manutenção de construtores artesanais, a transmissão intergeracional de saberes associados a esta prática e a reunião regular dos agrupamentos para ensaios e performances.
Tendo em conta (i) a presença expressiva dos bombos em Portugal e a escassez de estudos sistemáticos; (ii) o conjunto dejuízos depreciativos em torno da percussão e, em particular, dos bombos e da sua prática; (iii) a possibilidade do delineamento de novas narrativas trazidas pela área transdisciplinar dos Sound Studies no que toca, por exemplo, à poética e à política das relações sociais, a intersubjetividade e aos comportamentos expressivos humanos, colocam-se desafios nos estudos sobre as práticas e sobre os instrumentos musicais em Portugal. Nesse sentido, centrando no contexto em questão, este projeto tem como objetivo geral contribuir para a reflexão, discussão e desenvolvimento de abordagens centradas no estudo do som no âmbito das práticas e dos instrumentos musicais populares portugueses. Constituem alguns objetivos específicos da investigação: i) compreender os valores, sentidos e processos de participação na vida social na prática dos bombos nos contextos em observação; (ii) identificar as relações que se estabelecem entre meios de produção e resultados performativos; (iii) compreender a articulação entre música, som e espaço na performance dos bombos.