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Seminário

Da quebrada para o gueto: Musicares periféricos em São Paulo e Lisboa

Data
22 Oct, 2025
2:30
22 Oct, 2025
4:30
Local
NOVA FCSH | Av. de Berna | Torre A, Sala A006
Grupos de Investigação

SEMINÁRIO PERMANENTE DO GRUPO DE INVESTIGAÇÃO ETNOMUSICOLOGIA E ESTUDOS EM MÚSICA POPULAR

22.10.2025 | 14h30 | NOVA FCSH, Av. de Berna, Torre A (Lisboa) | Sala A006 | Online

Entrada livre, presencial e online.

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ID da reunião: 317 602 694 592 7

Palavra-passe: Mu3WJ2rx

Da quebrada para o gueto: Musicares periféricos em São Paulo e Lisboa
Meno Del Picchia | UNICAMP


Nesta apresentação analiso práticas criativas de produção musical em estúdios periféricos de duas grandes cidades – São Paulo e Lisboa. Em São Paulo, trago dados de etnografia realizada com artistas de funk brasileiro e trap em Heliópolis, um bairro na zona sul considerado uma das maiores favelas da cidade. Favela também pode ser chamada de “quebrada” nesse contexto. Traço um breve histórico do gênero falando de sua importância para a cultura urbana periférica. Em Lisboa, apresento os primeiros dados e questões levantados a partir de etnografia realizada com DJs de batida, gênero eletrônico afro-diaspórico criado em territórios periféricos da zona metropolitana como Quinta do Mocho e Rinchoa. No contexto português, emerge o termo “gueto” como um paralelo da “quebrada” brasileira.
A partir da noção de “musicar” de Christopher Small busco descrever a rede de agentes humanos e não-humanos encontrados em pequenos estúdios dessas quebradas e guetos, habitados por jovens artistas que desenvolvem e expandem sua musicalidade na interação com tecnologias digitais como o software FL Studio. Essa análise também é inspirada na teoria do ator-rede de Bruno Latour, enfatizando que as tecnologias não são um elemento passivo nesse fazer musical e que as interações entre músicos e computadores correm numa intensa simbiose. Por fim, estabeleço
algumas comparações entre os dois universos trazendo elementos comuns e pontos de distanciamento, com o intuito de delinear um “musicar digital periférico”.

Meno Del Picchia | Antropólogo, etnomusicólogo e músico, com uma produção que une a arte e a pesquisa científica. É investigador visitante do INET-md na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e pós-doutorando em etnomusicologia pelo departamento de música do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com o projeto “Beat pesado e corte chave – funk, trap e a construção de masculinidades”. Suas pesquisas mais recentes são direcionadas a compreender os processos criativos de artistas em pequenos estúdios das periferias de grandes centros urbanos, discutindo como humanos e tecnologias digitais interagem e moldam novos tipos de musicar. No campo artístico, Meno possui seis álbuns autorais lançados, disponíveis nas principais plataformas musicais.