
Filippo Bonini Baraldi, investigador integrado do INET-md, e coordenador do seu grupo de investigação em Etnomusicologia e Estudos em Música Popular, é autor do artigo “Danse, envie et ‘corps fermé’ dans le maracatu de baque solto du Pernambouc (Brésil)”, publicado no n.º 38 dos Cahiers d’ethnomusicologie, que em breve estará disponível em acesso aberto.

Resumo:
Durante o período do Carnaval, os trabalhadores rurais que praticam o maracatu de baque solto – uma performance-ritual que ocorre na Zona da Mata Norte de Pernambuco (Brasil) – sentem-se vulneráveis a várias doenças, provocadas pelo «olho invejoso» dos seus rivais. Isso leva-os a implementar várias estratégias defensivas, mobilizando tanto um saber religioso como uma estética elaborada e multiforme, cujo objetivo principal é “fechar o corpo”. A hipótese que tento demonstrar neste artigo é que esse “fechamento corporal”, tanto no plano individual quanto coletivo, só é eficaz quando os músicos e dançarinos alcançam um nível exacerbado de coordenação interpessoal, expresso localmente pelo conceito de “consonância”.