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Artigo | Investigação artística é criação
O presente artigo identifica um território específico para a investigação artística o que implica, a montante, uma opção epistemológica alternativa, a que chamamos episteme criação. Esta episteme criação não prescinde de um discurso clarificador de apoio à intervenção artística mas num modo de discurso também alternativo, a que chamamos narrativo.
Historicamente a investigação artística enfrenta uma série de questões complexas que moldam o seu desenvolvimento e integração nas instituições de ensino superior em música. A hegemónica tendência logocêntrica nos meios académicos tem favorecido nomeadamente duas abordagens que estabelecem uma relação redutora entre as intervenções artísticas e o discurso académico . Uma destas abordagens promove construções conceptuais e teóricas e a outra promove análises fenomenológicas e descrições auto-etnográficas. Ambas são redutoras já que assentam na separação sujeito-objeto negligenciando, ou mesmo eliminando na totalidade, as dimensões sensorial, empática, tácita e simbólica que são essenciais nas nossas experiências estéticas. O presente artigo identifica um território específico para a investigação artística o que implica, a montante, uma opção epistemológica alternativa, a que chamamos episteme criação. Esta episteme criação não prescinde de um discurso clarificador de apoio à intervenção artística mas num modo de discurso também alternativo, a que chamamos narrativo. Conclui-se este capítulo com uma discussão sobre as escolhas metodológicas no âmbito da investigação artística que são muitas vezes um depauperamento, uma vez que alguns investigadores procuram segurança na validação científica, recorrendo a métodos das ciências sociais, como a análise qualitativa, as auto-etnografias, etc. Estas escolhas são aqui reconhecidas como ―desvios comuns‖ e são discutidas com exemplos.