Black metal é uma categoria musical que se desenvolveu a partir do heavy metal na década de 1980. Espalhou-se em boa parte do mundo tornando-se um fenómeno global apesar de ligado a uma produção musical underground. O black metal praticado na Noruega pode ser considerado o modelo de base para a fixação e o desenvolvimento do que se reconhece como um estilo musical. As características musicais que o representam na gíria entre os seus praticantes compreendem: blast beat - uma velocidade extrema; mid-tempo - alternância de tempos mais lentos e marciais; screaming - uma técnica vocal de grito, que leva o uso da voz a um extremo expressivo; e um som geral eletrificado muito pesado, partindo de técnicas instrumentais violentas na guitarra, na bateria e no baixo elétrico. Os tópicos das letras contêm temas como misantropia, satanismo, morte, tristeza, melancolia e suicídio. Este estudo visa a produção da expressividade e, consequentemente, das emoções extremas no black metal a partir do discurso de vários intervenientes: músicos, produtores musicais, técnicos dos sons, treinadores vocais, editores, fãs e jornalistas. Em particular foca o uso da voz ao limite, como dispositivo de carga estética e emocional significativa. Parte de um conjunto complexo de sonoridades que definem e destacam o black metal de outros tipos de música extrema, a voz emerge assim como detalhe distintivo nesta categoria musical. A circunscrição na cena lisboeta parte do pressuposto de que algumas das bandas mais antigas que ao longo dos anos desenvolveram o black metal em Portugal, e podem ser consideradas referenciais, aqui se encontram centradas. O trabalho de campo e a experiência ativa na aprendizagem do uso da técnica vocal serão componentes preferenciais para este estudo de caso especifico interpretando relações entre música e emoções na cena black metal em Lisboa.