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O mosaico, ou arte musiva, arte decorativa milenar, serve de metáfora a “Mosaico”, obra do compositor e maestro Luís Carvalho, professor da Universidade de Aveiro (UA), distinguida com o 1.º Prémio de Composição Francisco Martins, promovido pela Orquestra Clássica do Centro. A distinção foi atribuída a 17 de novembro, numa sessão que decorreu no Conservatório de Música de Coimbra, e interpretada precisamente pela Orquestra Clássica do Centro, sob direção do maestro José Eduardo Gomes, um dos três membros do júri do Prémio.

Honrado com este “reconhecimento pelos pares” de “grande carga simbólica”, salienta Luís Carvalho, dado que do júri fizeram parte dois “dos mais destacados compositores portugueses da atualidade”, o compositor e maestro considera também que neste caso, tal como resulta de qualquer outro prémio, lhe foi dada “uma excelente oportunidade para promoção” das suas obras. Esta é uma questão ainda mais relevante, assinala, dado que se trata de obras orquestrais que “são sempre as de mais difícil divulgação pelos meios e custos que exigem”.
Por outro lado, o autor premiado e também professor da Departamento de Comunicação e Arte da UA afirma que o Prémio, apesar de organizado por uma instituição da zona centro (Orquestra Clássica do Centro - Coimbra), “tem claramente um âmbito e relevância nacionais”. Prova disso, são os destinatários do concurso que, segundo o regulamento, poderiam ser todos os “compositores de nacionalidade portuguesa [ou] compositores estrangeiros residentes em Portugal”. Por outro lado, também o júri avaliador das composições candidatas tinha claramente uma perspetiva nacional, já que dois dos três membros são professores na Escola Superior de Música de Lisboa - os compositores Sérgio Azevedo e Luís Tinoco. O terceiro elemento foi o próprio maestro da orquestra, José Eduardo Gomes.

Em 2009, Luís Carvalho foi premiado no 4.º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, pela obra “Metamorphoses... homage à M. C. Escher”, para orquestra, e em 2012 foi nomeado para o Prémio Autores da Sociedade Portuguesa de Autores em colaboração com a RTP, por outra obra orquestral, “Nise Lacrimosa”, fazendo, neste último caso, parte de uma curta lista de apenas três nomeados a nível nacional.

O compositor explica que, na obra premiada, a ideia de mosaico serve de metáfora para a construção de uma forma musical ampla (um andamento único contínuo), que deriva da conjugação de múltiplos pequenos fragmentos/motivos temáticos correspondentes, também metaforicamente, a pequenas peças coloridas embutidas. “Organizada numa sucessão de secções distintas mas complementares, a interligação das partes é garantida pela técnica da modulação métrica, que assim funciona como pivot estrutural da obra.”
O maestro e compositor dirige o concerto de encerramento dos Festivais de Outono 2017, a 30 de novembro, no Teatro Aveirense.