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Cristina Sá Valentim vence Prémio Internacional de Investigação Histórica “Agostinho Neto”
Cristina Sá Valentim, investigadora colaboradora do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Investigação em Música e Dança (INET-md) vence a 3.ª edição do Prémio Internacional de Investigação Histórica "Agostinho Neto" com a obra "Sons do Império, Vozes do cipale. Canções Cokwe, Poder e Trabalho durante o colonialismo tardio na Lunda, Angola". Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do doutoramento em 'Pós-Colonialismos e Cidadania Global' do Centro de Estudos Sociais e da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, com a orientação científica de Catarina Isabel Martins (FLUC/CES) e de Ricardo Roque (ICS-ULisboa).
De acordo com o júri, a obra foi selecionada como vencedora "por se tratar de um trabalho assaz importante, pluridisciplinar, inovador, que usa fontes diversificadas e cruza as fontes escritas com fontes orais e as fontes musicais e, nesse aspecto, é não só inovador como praticamente único, tratando de um grupo muito significativo na história de Angola, os Cokwe, população marcada pela adesão à novidade, pelo dinamismo e pela capacidade criativa e de mudança".
A avaliação das obras concorrentes realizou-se segundo quatro critérios: a relevância historiográfica, a inovação conceptual, metodológica e temática, a clareza e coerência de argumento e a pesquisa arquivística.
Cristina Sá Valentim é licenciada e mestre em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Coimbra, e doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra. Tem realizado investigação nas áreas da antropologia, sociologia e estudos pós-coloniais, nomeadamente sobre migração e língua, diferenciação social, colonialismo português, música, poder, agency, subjetividade, imagem e, mais recentemente, ambiente e sustentabilidades, ecologia política e cultural. Com o apoio de uma Bolsa de Doutoramento atribuída pela FCT, investigou o designado 'folclore musical indígena' dos Cokwe da Lunda colonial, Angola, promovido entre as décadas de 1940 e 1970 pela Ex-Diamang (Companhia de Diamantes de Angola) e Museu do Dundo. Nesse âmbito, realizou trabalho de campo em Portugal e em Angola através de pesquisa em arquivo colonial sonoro e documental, e de história oral. Atualmente é investigadora de pós-doutoramento no Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet (CFE) da Universidade de Coimbra, e investigadora colaboradora no INET-md.
O concurso internacional de investigação histórica Agostinho Neto é promovido bianualmente pela Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN) e o Instituto Afro-brasileiro de Ensino Superior (IABES), representado pela Faculdade Zumbi dos Palmares (FZP). O prémio destina-se a galardoar as obras de investigação escritas sobre Agostinho Neto, Angola, África, Brasil, a Diáspora e Afrodescendentes que contribuam para o melhor conhecimento da história de Angola, do Brasil e de África. A obra vencedora é distinguida com a sua publicação no Brasil e em Angola, e com a entrega de um diploma, um troféu, de um prémio monetárioequivalente a 50.000,00 USD.