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Coordenação
Susana Sardo (Co-IR)
 
Equipa
Alexsander Duarte Pedro Aragão | Susana Sardo | Álvaro Sousa | Ana Cristina Cortês | Ana Flávia Miguel | Andreia Duarte | António Santos | Beatriz Leme | Eduardo Lichuge | Eduardo Falcão | Felizmina Velho | Franz Cotta | Isaac Raimundo | Marco Freitas | Margarida Miranda | Martha Ulhôa | Oscar Noronha | Pedro Rodrigues | Rui Raposo | Rui VilelaVinícius Fernandes
 
Financiamento
Fundação para a Ciência e a Tecnologia - OE
 
Referência
PTDC/ART-PER/4405/2020
 
Prazo de execução
02.2021-01.2024
 
Resumo
Liber|Sound é um projeto que propõe a libertação da herança musical encerrada em suportes obsoletos de registo de som (discos de 78 rpm e fitas magnéticas, cassetes) com o objetivo de facilitar a reativação da memória a partir de processos inovadores de arquivamento. Centra-se em exemplos de micro-expressões de música popular gravada e difundida pela indústria fonográfica durante a primeira metade do século XX em Portugal, Moçambique, Brasil e India (Goa), espaços que partilham entre si histórias políticas e línguas comuns com reflexos evidentes em trânsitos e experiências musicais. O enfoque do projeto incide sobre arquivos sonoros que revelem:
  • trânsitos entre práticas musicais e intérpretes em espaços lusófonos;
  • espaços sonoros compartilhados que deram lugar a expressões musicais autónomas;
  • expressões de resistência a ações de dominação estabelecidas entre Portugal e as suas antigas colónias.
Os estudos sobre a música e o fenómeno do colonialismo têm sido abordados, no caso português, a partir de duas perspetivas: a da história, identificando e mapeando a circulação de estruturas musicais em busca da presença portuguesa no mundo, e a da etnomusicologia mais interessada nos estudos de práticas contemporâneas resilientes, que se mantêm na oralidade em territórios pós-coloniais e suas diásporas. No entanto, pouca atenção foi ainda dada aos primeiros registos fonográficos guardados em discos comerciais do início do século XX (1900 – c.1960) ou outros suportes de registo de som, entretanto descontinuados, onde está encerrada uma história individual, coletiva e performativa que é importante recuperar.
Por sua vez, os estudos sobre indústria fonográfica em países lusófonos, para além de frequentemente ignorarem a perspetiva pós-colonial, baseiam-se em geral em premissas nacionalistas, com ênfase na circulação de géneros musicais entendidos como símbolos de nacionalidade, bem como nas transformações sociais verificadas pelo advento da fonografia no âmbito de cada “estado-nação”. Estudos que privilegiem o papel das indústrias fonográficas na consolidação de sistemas musicais transatlânticos ena criação de complexas dinâmicas de memória sonora compartilhadas entre Península Ibérica, África, Ásia e América do Sul ainda são escassos.
O projeto Liber|sound desenha-se, portanto, como resposta a este duplo hiato no que diz respeito à abordagem conceptual e teórica, mas com efetivas ambições de caráter prático. Metodologicamente o projeto baseia-se nas práticas de investigação partilhada e está organizado em três fases. A primeira procura identificar, catalogar e digitalizar exemplos de música gravada que se encontram em acervos públicos e privados e que se enquadrem no enfoque do projeto. A segunda pressupõe a análise crítica do repertório numa perspetiva transcontinental e descolonizadora, partilhada com investigadores dos diferentes contextos em análise. A terceira procura reativar a memória da herança musical “libertada”, promovendo a reinterpretação de repertório selecionado, a construção de uma enciclopédia biográfica online de músicos e de músicas, e a organização de um programa de rádio de divulgação internacional/transcontinental dedicado às fontes digitalizadas e suas reinterpretações. 
 
Palavras-chave
Arquivos Sonoros; Etnomusicologia; Indústria fonográfica; Comunidades conectadas