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29.08.2022 - 09.09.2022 | segunda a sexta-feira das 19h00 às 20h30 | Duração: 15h | Ensino à distância - via Zoom

 Inscrição

 

OBJECTIVOS
- Resgatar do esquecimento grandes compositoras, que pelo seu talento, produção e influência, merecem um lugar de destaque na História da Música;
- Situar, para cada época e estilo da música ocidental, vários exemplos de grandes compositoras, cuja obra, apesar de ombrear com a dos seus congéneres masculinos, permanece praticamente desconhecida;
- Entender os processos e os mecanismos (voluntários e involuntários) que impediram ou dificultaram, durante décadas e mesmo séculos, o conhecimento sobre a existência, a ação e a influência destas mulheres, remetendo-as ao esquecimento e até mesmo ao silenciamento das suas obras;
- Fomentar a disseminação e a circulação de conhecimento sobre mulheres compositoras, sua importância e papel de relevo
 

PROGRAMA

Mulheres compositoras? Mas existem? Nas últimas décadas, tem havido um interesse crescente no estudo das mulheres no passado, no seu papel na sociedade, e na sua agência política e económica mais ampla. Os Estudos de Mulheres mostram como é importante olhar com atenção as ações e as narrativas das mulheres, e assim corrigir algumas visões androcêntricas, que tomavam a produção masculina como medida-padrão para todas as manifestações científicas, culturais e intelectuais do ser humano. No que diz respeito à música, até há bem pouco tempo era comum encontrar quem visse a escassez de mulheres compositoras como prova de uma suposta incapacidade feminina para a criação musical. No entanto, os estudos musicológicos têm trazido à tona inúmeros exemplos de mulheres compositoras, que ultrapassam largamente a curiosidade pontual e cuja existência se desconhecia ou menorizava. Isto deveu-se sobretudo à ausência de estudos direcionados, ou seja, a sua invisibilidade está relacionada com fenómenos de opressão, e não com uma suposta falta de inclinação feminina para a produção musical. Com efeito, contrariamente a uma certa ideia generalizada, estas mulheres não só existem e existiram, como tiveram muitas vezes um papel de destaque na sociedade do seu tempo, fazendo concertos, publicando as suas obras e recebendo encomendas. Neste curso, serão apresentadas mais de cinco dezenas de mulheres compositoras de grande qualidade, da Idade Média ao século XXI, passando pelo Renascimento, Barroco, Classicismo, Romantismo e Modernismo, e que exerceram a sua atividade quer na corte, quer nos conventos, quer como profissionais liberais, abarcando todos os géneros da composição musical, desde a música sacra à música de câmara, óperas e sinfonias. Falar-se-á também das razões que levaram ao esquecimento ou mesmo silenciamento de muitas delas, cuja reavaliação histórica está ainda por fazer. Hildegard von Bingen, Barbara Strozzi, Francesca Caccini, Isabella Leonarda, Guilhermina da Prússia, Clara Schumann, Fanny Mendelssohn, Luise Adolphe le Beau, Lili Boulanger, Florence Price e Germaine Tailleferre serão alguns dos nomes abordados, além de muitos outros totalmente desconhecidos do grande público, num curso sintonizado com as mais recentes investigações musicológicas. Além do enfoque principal dado às mulheres compositoras, serão também mencionadas as mulheres mecenas e as mulheres críticas de música, bem como o papel das redes de mulheres, que – contrariamente à ideia popularizada da suposta concorrência feminina – existiram em todos os tempos como importante fator na proteção e promoção da atividade musical de todas as restantes.

Programa:

  • Da Idade Média ao Renascimento: paixões monacais e virtudes de corte;
  • O Período Barroco: desafiando as regras e burilando os afetos;
  • O Classicismo: prodígios efémeros e o despertar das consciências;
  • O Romantismo: o fardo pesado do arrebato;
  • Do Modernismo à atualidade: ocupando espaços e abrindo caminhos.

 

Docente: Inês Thomas Almeida
Inês Thomas Almeida é musicóloga, doutorada em Ciências Musicais Históricas pela Universidade Nova de Lisboa e investigadora integrada do INET-MD/FCSH. Recebeu, pela sua tese “O olhar alemão: as práticas musicais em Portugal no final do Antigo Regime segundo fontes alemãs”, sob orientação de Rui Vieira Nery, a classificação máxima por unanimidade. A sua investigação incide sobre a música no século XVIII, relatos de viagem, mulheres e música, e redes culturais transnacionais. Recebeu por duas vezes uma Bolsa de Mérito da Universidade de Évora, atribuída ao melhor aluno de cada curso. Viveu na Alemanha entre 2003 e 2016, onde criou uma ONG para o apoio à comunidade portuguesa em Berlim. Neste âmbito, foi responsável por inúmeras iniciativas de cariz cultural, social e humanitário e recebeu várias distinções pelos serviços prestados à comunidade. Foi docente de História da Música na Academia Nacional Superior de Orquestra. Tem artigos publicados em revistas científicas da especialidade.
 
Docente responsável: Rui Vieira Nery
Rui Vieira Nery é musicólogo, professor associado da Universidade Nova de Lisboa e investigador do INET-md. Doutorou-se em Musicologia pela Universidade do Texas em Austin. Na Fundação Calouste Gulbenkian foi Diretor-Adjunto do Serviço de Música, Diretor do Programa Gulbenkian Educação para a Cultura e Diretor do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas. É autor de diversos estudos sobre História da Música Portuguesa, dois dos quais receberam o Prémio de Ensaísmo Musical do Conselho Português da Música, bem como de largo número de artigos científicos publicados em revistas e obras coletivas especializadas, tanto portuguesas como internacionais. Foi condecorado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique por serviços prestados à Cultura portuguesa e com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa. Foi Comissário Nacional para as Comemorações do Centenário da República e Presidente da Comissão Científica da candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade.