
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas | Universidade Nova de Lisboa
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Teresa Gentil
Biography
Composer, performer and researcher. She is currently a PhD candidate in ethnomusicology and a research fellow at the Foundation for Science and Technology (SFRH/BD/137392/2018). She holds a master’s degree in Ethnomusicology from Universidade Nova de Lisboa, is a postgraduate in Education from the University of the Azores and a Bachelor of Musical Composition from ESMAE (Porto). She composes for orchestra, theater, musical theater, cinema and dance and collaborates regularly with the educational service of the Casa da Música (Porto), Fábrica das Artes (CCB-Lisbon), the National Reading Plan, and the National Arts Plan. She published five original albums and was honored with the Zeca Afonso Prize, awarded by the Almada City Council, Labjovem – Music and Labjovem – Theater Prizes, awarded by the Azores Regional Government.
Title Intimacy and Nationalism in the Voice of Amália Rodrigues
Advisor Salwa Castelo-Branco
Resumo Esta tese aborda a construção da voz de Amália Rodrigues como referente sonoro de Portugal e como materialização acústica de ideias, conceitos, emoções e sentimentos que gravitam em torno do universo conceptual de ‘portugalidade’. Definida e moldada por um conjunto de princípios históricos, políticos, estéticos, fisiológicos e biográficos, a sua voz corporiza conceções de ‘classe’, educação, género, ‘raça’, entre outras, e é um ‘local’ de confronto/encontro entre o individuo, a sua subjetividade/excecionalidade, e as estruturas e valores sociopolíticos em que habita e com os quais se relaciona.
Como se construíram, reconfiguraram e ressignificaram estas ideias sobre a voz de Amália Rodrigues? O que revelam acerca dos contextos sociais/culturais em que foram produzidas? Porque se destacou das vozes que se moviam e se escutavam nos mesmos espaços de sociabilidade? Como terá essa voz influenciado e moldado esses mesmos espaços e contextos e a própria conceção de voz, especialmente de voz ‘feminina’?
De modo a responder a estas questões analiso ‘duas vozes’: a voz construída discursivamente, através de publicações na imprensa, e que nos permite aceder aos contextos e aos pressupostos ideológicos que sustentavam o modo como as vozes eram produzidas, interpretadas e comunicadas; a voz interpretativa, que podemos escutar nas primeiras gravações realizadas pela artista (em 1945) e nos filmes Capas Negras (1946) e Fado, História de uma Cantadeira (1947). Estas vozes gravadas são, também, tratadas como ‘textos’, no sentido em que através delas é possível reconstituir o ‘diálogo’ entre diferentes vozes e estilos interpretativos. O evento acústico, neste caso a voz de Amália Rodrigues, é imbuído de significações e de valores através das relações intertextualmente estabelecidas entre a voz narrativa e a voz discursiva, constituindo-se posteriormente como metonímia do fado e como signo/símbolo para modos de estar, sentir e ser. Entender e cartografar a construção desta voz e os modos como foi sendo política e culturalmente apropriada, moldada e redefinida permitir-nos-á compreender o seu impacto na sociedade e cultura portuguesas.
Palavras-chave: Amália Rodrigues; Ideologias da voz; Nacionalismo e música; Intimidade Cultural.
Funding: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, ref. SFRH/BD/137392/2018